quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Saudades...


Domingo. Dia da macarronada da nona. A mesma família, os mesmos assuntos, as mesmas porpetas e guaranás.

Mas hoje foi diferente. Abracei a Dona Gilda, segurei- a pelas mãos, conversei fitando-a nos olhos, como faço. Mas hoje foi diferente.

Tive o assopro do quão raro aquela cena se repetiria. Lembrei que a única certeza que a vida nos dá é o fim dela. E só. Sinto que o sopro naquela velhinha forte, palmeirense roxa, teimosa, pode apagar.

Ela me fez, mais uma vez, constatar o meu excesso de humano. Sou materialista. Preciso da presença, do toque, do cheiro, das cores, dos olhos para sentir a vida pulsar.

Te quero egoísta e por perto. Os gestos cotidianos de carinho, tornaram-se, naquele ínfimo segundo, despedida. Minhas mãos e lábios tocavam ali uma história de 89 anos, da qual faço parte a 22, somente.

Sou um terço daquela mulher. Daquela vida. E mesmo assim, ela faz com que a minha pareça ser razão da dela. Faz com que a existência seja algo divino. Não importando qual.

“- Não quero morrer, já falei pra Deus. Vai que essa história que do lado de lá a gente se encontra é conversa fiada. Tenho mais que querer a vida, porque é ela que me garante estar aqui com vocês” ( Dona Gilda – 29/08/04)

terça-feira, 11 de outubro de 2011

Para os dias cinzas...



Acordo em dias que parecem ter roubado quem sou eu. Como esse. Não sei porque falta tanta espaço no abraço. Não sei porque o sorriso não veio trabalhar. Não sei onde eu queria estar agora e muito menos com quem. Não quero cumprir agendas, responder a e-mails ou viver o meu check list. Não quero entender as pessoas ao meu redor. Não saberia como pedir ajuda. Não saberia definir o que sinto. Não saberia chorar.

Chamo isso de solidão.

sábado, 3 de setembro de 2011

O tal cd do Cartola...



Caso alguém me perguntasse se sou supersticiosa eu diria sem titubear: Não! Não tenho amuletos. Não tenho medo de escadas. Acho gato preto um charme. Nasci em agosto. E aprendi a gostar de dias ímpares, inclusive o 13 e suas variações.

Mas tem um cd do Cartola que me faz contraditória. Toda vez que ainda abro aquele velho porta-cd e olho para ele, tenho medo. Todos os cds retidos por lá continuam felizes, a me acompanhar. Eles fazem parte da minha história. Cada qual representa uma época, um momento, um sorriso, um trânsito chuvoso, um amor não correspondido, um amigo que partiu. Mas o do Cartola...

Eu sei lá que mal ele tem. Eu sei que é olhar para ele que uma voz sussurra em meus ouvidos: Esse cd não! É melhor não! Dá azar. E eu não tenho coragem nem de tocá-lo. Nem de colocá-lo pra tocar.

A verdade é que não tem nada de mistério, a resposta é simples: O único dia em que ele tocou, eu bati o carro. Lembro bem. Eu com as típicas maria-xiquinhas no cabelo, correndo para não me atrasar para mais uma aula.

Confesso, não é isso. Já bati o carro outras vezes e nunca culpabilizei algo. É que comprei o cd para impressionar e acabei impressionada. Naquela fase da vida que impressionar o outro é mais importante que ser tocado pelo outro.

E aí, de repente, me veio o Cartola pela direita e não deu seta, atravessou o meu cruzamento e me encheu de verdades. A partir desse dia, meu seguro contra terceiros foi acionado.O problema é que ainda não aprendi a lição...Salve, Cartola!

domingo, 31 de julho de 2011

Desconexão Felina

 
E a Cássia mais uma vez tem razão: tô lá causando o tsunami, mas achando que estou apenas assoprando a velinha do bolo de aniversário. Essa mania felina de cavar buracos e querer ver o que tem lá dentro. E não basta dar uma espiadinha no buraco, me desafio a trazer pro tapete da sala toda aquela terra suja. E só depois me condeno e penso: E se meu dono ficar bravo? E se meu dono não quiser brincar? Mas nessa hora, já era. A terra está toda lá...

Quis trazer o futuro para perto. Com a certeza de que tudo daria certo. Como nessa rima barata. E é preciso que eu confesse: acelerei. Dei FF no nosso filme (nasci nos anos 80). Apressei a angústia que estava ali, silenciosa entre nós. E agora cá estou: insônia, cabelos despenteados, sem ter resposta para as suas perguntas. Sem ter vontade. Sem ter coragem.

Sem saber qual será o próximo buraco que vou cavar...

sábado, 25 de junho de 2011

Da série: Porquê não somos uma ilha....



Parte I - O que não dizemos...

- E acho que com minha necessidade de falar, sinto que menos ainda esgota as coisas que quero escutar, parece que tão pouco sei como você está. É algo meu ou você compartilha desse sentimento?

- Acho que a dificuldade da conversa foi simbólica e fiquei pensando: será que ela tem paz e espaço para poder ficar sozinha e falar segredos para ela mesma?

Parte II - Eu queria...

- Queria ter dito mais.Queria ter reforçado que o que alcançou já é uma vitória. Você está se abrindo e se dedicando às suas paixões. Quer melhor confirmação?

- Em todo contato minimamente mais próximo contigo, minha perspectiva de mundo muda. Parece que tudo que sinto se rearranja e consegue engrandecer.Queria para mim um pouco do olhar que tem sobre mim.

Parte III - Sempre no amor...

- Terminei minha noite apaixonada por você! Com vontade de te devorar e no melhor sentido poético...de ter um pedacinho dessa sua beleza cá comigo, sempre!Te encontro no amor, Eu.

- Acho que você não tem idéia do tanto de poder que seus olhos e suas palavras te dão.Te quero por perto sempre. No amor, Ela.

quarta-feira, 22 de junho de 2011

Do xixi à mitologia grega


- Caso você fosse uma bebida, você nunca seria um refrigerante e sim um suco natural.
- Artificial nem pensar. Você até pode gostar, mas toma sabendo que o gosto que sente não é bem aquilo, é uma imitação mais barata, mais rápida e por isso (e tantos outros fatores) mais artificial do que o que realmente queria saborear.
- E tem gente que gosta de ser enganado, não é?
- Aham e como gosta. Mas, olha, eu prefiro ser um chá do que um suco natural. Oras quente, oras gelado, mas chá.
-  Chá parece xixi. Dá vontade de fazer xixi. Você não é um xixi.
-  Melhor xixi do que não ser nada. Posso ser um chá mate, daqueles que não parecem xixi e fazem o olho arregalar e o coração acelerar, posso?
- Aí é erva...
- Aí sou Hera*...

* Hera é uma deusa da mitologia grega equivalente a Juno (mitologia romana). Ela carrega consigo um romã, símbolo da fertilidade, sangue e morte, que funcionava como substituto das cápsulas de papoula e ópio.

Quem quiser saber mais sobre Hera: http://pt.wikipedia.org/wiki/Hera

terça-feira, 21 de junho de 2011

"Teach me how to shine..."



Há pessoas que te ensinam como brilhar. Na tradução literal mesmo. E como diria um dos meus poemas amarelados: eu sabia, sabia que ela seria importante na minha vida, não sei como, nem porquês, mas eu senti.

Acho ainda mais simbólico quando penso que nosso primeiro encontro foi pela decepção e não pelo sorriso. E apesar do palco ter sido o cenário, o nosso cruzar de vidas foi humano, sem as tais máscaras e os figurinos. E como se ainda não bastasse, sem os aplausos.

E se eu partisse hoje para virar noite, diria: a vida vale por esses momentos. Me achar naquele olhar. Te achar na escuridão. Abandonei minha lanterna depois que descobri que o que me guiava mesmo naquela tribo eram as mãos dadas que ela me ofereceu.

(Abro esse parênteses para dizer: acho que empatia poderia ser medida pelo que você sente quando fica de mãos dadas com alguém.)

E se antes eu já achava que as estrelas se disfarçavam de pessoas, tive a minha confirmação. Pessoas são estrelas. Ocupam espaço no tempo e brilham. Brilham enquanto podem e enquanto estão por perto (e não me venham com interpretações métricas).

Brilham enquanto esticam as mãos e te ensinam como ser estrela!

Sua, Gêmea.  

terça-feira, 17 de maio de 2011

Um vestido pra chamar de seu...

Vende-se vestido de noiva!

Estilista: Sue Wong (http://www.suewong.com/)
Coleção: Walt Disney World

Inspiração: Rainha Branca do filme do Tim Burton: "Alice no país das maravilhas"

Local de origem: Nova York

Tamanho: 6(USA)- 38/40(Brasil)

Descrição: Vestido longo tipo sereia, todo rendado. Usado apenas uma vez. Etiqueta e bordado extra acompanha.

Diferencial: Arranjo de cabelo pode ou não acompanhar a venda.

Valor e outras informações: rmagliocca@gmail.com

Fotos: Carmen Fernandes (http://www.carmenfernandes.com.br/)

 















Fotos do site da Sue Wong:



quinta-feira, 17 de março de 2011

Grande, big, enorme, Gigante.

Era para você ser o Feijão. Depois o Giba pro papai te aceitar melhor. E não sei como, nem porquê, virou o Gigante. Um gigante com muitos codinomes, mas o principal deles, Gordo.

Meu lado egoísta agora te pede: faça valer teu nome, teu batismo e seja mesmo um Gigante.Não conseguiria suportar a dor de te ver partir, não agora. Tá, acho que nunca. Mas agora, agora não. Fica com a gente.

Eu preciso do seu olhar, das suas canções, do seu cheiro incômodo, da alegria que me dava só apenas te ver chegar. São muitas as partidas que temos enfrentado por aqui...partidas da vida, mesmo. A gente cresce, assim como você cresceu. A gente vai embora, assim como não quero que você vá.

Seja forte, faça valer teu nome...é o que eu te peço!

quarta-feira, 9 de março de 2011

Despedida de Solteira



Não, não será a ressaca entre amigas que me fará despedir dessa fase que deixo para trás. E quando falo em fase, não falo em solteirice. Falo em escolhas.

Caso eu possa deixar algum registro-conselho dessa fase, aí vai o meu:

Viva seus amores! Cada um deles terá uma função especial. Mesmo que os amores sejam faces de uma só relação. Viva! Não cometa o erro de compará-los, os amores - nessa fase - nunca serão iguais. E eu lhe digo: é melhor assim.

Caso seja preciso se apaixonar pelo cara errado, se apaixone. Aguarde o telefone que não toca. O domingo que não chega. O "namora comigo" que não vem. Dor de amor ensina a gente a viver e nos prepara para a solidão - tão necessária para uma vida a dois.

Admita o quanto antes as borboletas no estômago pelo cara ideal. Mesmo que você saiba que ele é ideal só porque não é real. Não importa, admita. Assuma pro mundo - à sua maneira - que é uma idiota e que prefere sonhar com ele a encarar o espelho. No final, será esse amor que lhe fará optar pelo caminho de pedregulhos, porém bem real.

Resgate os amores mal resolvidos. Não deixe que eles ganhem uma importância no presente, que só tiveram, mesmo, no passado. E com eles aprenda que coração algum tem dono, tem espaço no tempo. Tal como areia escorrendo na ampulheta.

Permita-se amar aquele amigo apaixonado por você. Seja a musa inspiradora de alguém. Receba mimos, certezas e guarde os poemas ou canções que ele lhe fez. Um dia você precisará deles para lembrar que só se vive um amor correspondido depois que você aprende a se amar, a se aceitar, a se sentir convicta de ser protagonista. Protagonista da sua própria vida e não da de outro alguém.

Deixe-se vencer pelas pernas bambas que um estranho lhe causa. Experimente o que é encostar em alguém que dá choque. Viva e congele a sensação. Tal como em uma fotografia. Você precisará resgatar muitas vezes essa mulher que há em você. Mesmo nos dias mais mornos e com menos volts.

Não se esconda do mundo. Não acredite em novelas, fábulas e filmes de Hollywood. Não confunda amor - seja lá qual for - com relações fast-food como se vê por aí. O tal amor que você espera não estará em lugar algum se você não estiver aberta para encontrá-lo nas imperfeições, no primeiro beijo nem tão bom assim, na disposição de construir tijolo a tijolo uma relação que fará todos os outros amores valer a pena.

Por último, lembre-se: tudo que você viveu deverá ser seu e de mais ninguém. As memórias, os rascunhos, as lembranças são suas e não terá amor algum que compreenderá o que elas significam para você. Guarde-os em segredo, como quem cuida de um tesouro. Afinal, serão eles que levarão você a sentir que é chegada à hora de fazer uma escolha.

Escolha essa feita agora de mãos dadas com outro alguém que perderá o nome próprio e passará a ser chamado por você de: Amor.

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

A Moska na minha sopa


Em algum ruído silencioso por aí eu já disse, não há o que ser feito, muitos nessa vida te acessarão, mas serão poucos os que te lerão!

Para mim, o curioso é que muitas vezes a leitura cabe àquele que a ti é estranho. Como pode alguém que ao menos nem te acessou, te ler com profundidade, linha por linha, entre-linha por entre-linha?

Isso vive acontecendo por aqui, me vejo nua diante de desconhecidos. Suas letras e canções me fazem ter a certeza que sei lá como, mas o estranho me leu, me compreendeu, me mandou um recado!

Quando isso acontece, costumo checar nas minhas gavetas se não fui eu quem redigiu aquilo, não por prepotência, mas pela certeza de aquilo saiu de algum pedacinho de mim e me definiu, e me desconstruiu e me fez sentir aquele arrepio que lembra que há uma alma que fez de mim morada.

Hoje, quem me leu foi o Paulinho Moska. Eu sei (sinto) que sim. Fiquei ali toda interpretada! Veja se pode? Só consegui devolver à ele um comentário bobo: obrigada por ser a Moska na minha sopa...de letrinhas!E fomos felizes para sempre!

THE END