sábado, 29 de maio de 2010

Meu herói


Meu herói é Lilás. Lilás é o nome dele e a cor do seu super poder. Mas ele mesmo é bem colorido. Colorido como aqueles que carregam em si o poder de mostrar que há beleza no ser diferente, que há colorido no avesso do mundo de cá.

Meu herói não tem um braço. Cada pé seu tem um tamanho e uma combinação de cor. Seu capacete é apenas um cabelo bagunçado, os botões de sua capa estão fechados de maneira errada e sua calça é feita de retalhos. Vive com rinite alérgica, sorri para qualquer um, é míope e fala engraçado.

Meu herói é questionador, vive percebendo as coisas de um jeito diferente e acha graça nisso tudo. Sofre quando está no mundo de cá e prefere o mundo de lá. Mas percebeu que assim não vai dar. Um herói não pode fugir daquilo que se destinou a viver. Não dá para ver cores só no lado de lá, tem quer ser senhor de dois mundos.

E foi nessa busca de um herói só para mim que o conheci. Na verdade, o reconheci. Matei saudades dele, pedi notícias do mundo de lá e ouvi: Tudo muito colorido, mas meu super poder da diferença só funciona aqui. Fazer o quê. É hora de colorir....

Depois disso, não tive como, o escolhi.

sexta-feira, 21 de maio de 2010

Da série: Aos ajudantes do meu destino...

Às pessoas que me fazem ter vontade de transformá-las em letrinhas. Àqueles que dedico cada passo meu...


1- Tio Argeo

À você que tanto gostava das imagens poéticas das cores e estações e partiu em um dia cinza de inverno...

Em mim existe um pouco dele. Talvez, muito. Neste caos de emoções, não existem medidas; o que sei é que em mim ele está.

Na imagem dos olhos castanhos outoniços, que ele tanto gosta; na varanda do "paraíso"; no verde aonde dorme o gigante; nos farrapos do meu avô; no ver a vida com as cores da poesia - mesmo que em apagão; no não querer ouvir aquilo que já não faz mais sentido; no doer por saber demais sobre a vida, as coisas e o mundo.

Sua presença me faz mais companhia que muitos daqueles que estão por perto, fisicamente. Suas palavras ecoam e ganham sentido, seu viver me ensina a acreditar que há sempre poesia em tudo que vejo, mesmo que os outros assim não creiam.

terça-feira, 4 de maio de 2010

Poder ser quem se é!


"E se me achar esquisita, respeite também. Até eu fui obrigada a me aceitar." (Clarice Lispector)

Tenho sentido, cada vez mais, que o desafio da humanidade (e me incluo nessa, é claro!) é respeitar o outro em sua individualidade. E peço perdão, de antemão, aos meus colegas psicólogos de plantão: Não, nem você aprendeu a fazer isso.

Talvez não se aprenda mesmo em cadeiras escolares a fazer isso. E aí de nada adianta Heidegger, Jung, Ken Wilber ou qualquer outro autor ( de psicologia, de terapia ocupacional ou mesmo de engenharia). É preciso se rever, olhar para si e tá aí o perigo.

Quem é que olha para si sem buscar porquês, apenas com intuito de se aceitar como pode ser? Encontrar justificativas para teus atos e fraquezas é fácil, afinal você é dono da sua história. Agora, olhar para o outro e aceitá-lo mesmo que pareça esquisito...por enquanto, só o Tim Burton! E olhe lá...afinal, não o conheço!

Escrevo por catarse. Falo por crer que nada que é genuinamente humano pode nos soar estranho ou inadequado. Sou pela epifania que é estar vivo.