sábado, 24 de outubro de 2009

Na esquina da vida

Todo mundo tem seu canto no mundo, aquele lugar em que você se reconhece autêntico, inteiro, se emociona, se encanta. Eu tenho dois cantos, a minha esquina: a escrita e a música.

Por essas coisas da vida, só me dei conta dessa esquina quando escolhi um rumo bem distante dela. Carrego comigo a escrita e a música no formato LADO B. Um hobby, uma distração e muitas vezes uma frustração.

Olho para trás e lamento não ter reconhecido esse canto antes. Poderia ter me dedicado mais, feito escolhas que nunca me deixassem dúvidas que aonde quer que eu estivesse o tal canto estaria lá no LADO A, me acompanhando.

Neste último ano, tive duas gratas surpresas que me fizeram ter certeza que por mais escondida que esta minha esquina esteja, ela está aqui comigo. Duas pessoas muito importantes na minha vida: Sofia e Candé, sem nunca terem tido contato com a minha escrita e a minha música, me convidaram a viver um sonho.

Na última quarta-feira novamente não dormi. Desta vez não fiquei revendo meus erros naquele palco sagrado, mas a possibilidade de cantar com pessoas que admiro há mais de 11 anos, manteve meus olhos bem abertos durante toda a madrugada.

Ironicamente, ao cantar fiquei com a voz entalada de tanta emoção. Minha voz saiu muda, refletindo o meu en-canto por esta arte que chamamos de vida.

E cá estou eu, estudando as músicas nas vozes daqueles que há tanto tempo fazem uma diferença enorme na minha vida, planejando um livro que possa fazer diferença na vida de tantos outros, com tantos outros cantos no mundo...

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Carta a um Querido Diretor


Diretor,

mais uma noite de quarta sem dormir. Fico, cá com meus botões, revendo os erros que cometi em cima daquele palco sagrado. Não, os erros não são por ausência de direção, são como você bem disse, por ausência de atenção.

Sei a coreografia, sei o momento da fala, sei qual deve ser a intenção de cada cena da nossa Mansão. Mas não sei estar ali por inteira. Me falta um pedaço. É como se a minha ansiedade em querer acertar, roubasse o que há de mais encantador no ser artista.

A vida aqui fora também não tem me ajudado. Pai doente, pressão no trabalho, casamento à vista, final de ano. Porém, sei que posso listar motivos para não estar por inteira no palco, e mesmo assim nada justificará.

O fato é que falta pôr mente e corpo para se falarem. É preciso que eles sejam um só nisso que deveria ser diversão, distração e que tem sido, erroneamente, pressão, tensão.

E nessa cisão que considero tão minha, vejo como reflexo, o curioso movimento do nosso grupo. Há quartas que me sinto pertencente a um grupo, pelo carinho, pelos olhares. Há quartas que me sinto solitária, como se não houvesse eco os sorrisos e mãos dadas da semana anterior.

Não te escrevo para justificar meus erros, nem para pedir sua direção. Te escrevo apenas para compartilhar. Porque sei que se, a qualquer momento, a luz branca da platéia acender, lá estará você.

Uma rima, uma lágrima e um sorriso,

Lydia